A ausência do ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) foi o principal destaque do debate promovido nesta terça-feira, 6, pela TV Educativa da Bahia. Os candidatos presentes não pouparam críticas à postura do rival. Além das provocações, educação, segurança, infra-estrutura e, sobretudo, a fome, pautaram o encontro entre os candidatos ao governo do estado.
Logo no primeiro bloco, as indiretas, ou muito diretas, endereçadas a Neto foram inevitáveis. Jerônimo Rodrigues (PT) desafiou o ex-prefeito a debater com ele. "Qual o medo de vir debater com os candidatos ao Governo do Estado?", disse o petista.
João Roma (PL) foi ainda mais duro e chamou Neto de covarde. " A chapa dele poderia ter sido registrada na junta comercial”, disse Roma, se referindo ao candidato e sua vice, Ana Coelho, ambos sócios de grandes empreendimentos na Bahia. “Deixe de ser covarde, deixe de ser covarde com as pessoas e venha participar do debate, levar a verdade e respeito ao eleitor baiano", desafiou o candidato bolsonarista.
Pela dinâmica do debate, cada candidato formulava perguntas para os outros dois concorrentes. Jerônimo Rodrigues, que vem sendo alvo de críticas pela sua gestão na secretaria de educação, colocou o tema em discussão logo na primeira pergunta.
Kleber Rosa (PSOL) defendeu melhor tratamento ao professor e cobrou o pagamento dos precatórios aos educadores por parte do governo estadual. Além disso, o psolista criticou a militarização das escolas baianas. "Queremos mais Anísio Teixeira e Paulo freire. Na nossa gestão, o professor vai ser respeitado e valorizado".
João Roma criticou a atuação de Jerônimo à frente da Educação na Bahia. "Não é parede de escola que dá aula. Às vezes falta professor. Vamos levar o ensino em tempo íntegra para toda a Bahia. Vamos estimular as escolas cívico-militares", propôs.
Após as respostas, o autor da pergunta tinha oportunidade de comentar as respostas e Jerônimo rebateu o candidato de Bolsonaro. "O seu governo é o que mais detonou a educação pública", afirmou o petista, se referindo ao governo de Jair Bolsonaro, representado por João Roma. Jerônimo também respondeu a Kléber Rosa er garantiu que o governador Rui Costa (PT) enviará ainda essa semana à Assembleia Legislativa a lei para que o pagamento seja realizado.
Fome
O combate à fome e a distribuição de renda foram outros temas bastante explorados entre os debatedores. João Roma lembrou a criação do Auxílio Brasil e Jerônimo rebateu dizendo que o benefício só foi aprovado por causa da pressão do Congresso nos meses iniciais da pandemia. O petista também destacou o agravamento da miséria nos últimos anos.
"Estamos em um país que por conta de um presidente irresponsável voltou ao mapa da fome. Isso será enfrentado pelo governo Lula e pelo meu governo. Se não fosse a pressão do Congresso, o presidente não teria aprovado esse auxílio. Ainda assim, o prazo estabelecido para o benefício é o prazo eleitoreiro", atacou o petista.
Kléber Rosa seguiu na mesma linha e lembrou das cenas de famílias na fila do osso. “A metade da população brasileira vive sob insegurança alimentar. Bolsonaro queria oferecer 200 reais e o Congresso não aceitou", lembrou o psolista.
Farpas
O debate evoluiu com afirmações e desmentidos, além de acusações mútuas, principalmente entre os candidatos do PT e do PL, representantes da polarização da disputa à presidência. João Roma denunciou a burocracia e morosidade que, segundo ele, prejudicam os empresários e acusou Jerônimo e Kléber de atuarem contra setor produtivo.
Kléber Rosa lembrou da autodenominação de ACM Neto como pardo e defendeu “fazer na Bahia a abolição que o Brasil nunca fez”. O candidato do PSOL defende a distribuição das terras devolutas que, segundo ele, são 80% da área do estado da Bahia. Ele também criticou o agro que desmata e pratica a grilagem de terras.
João Roma acusou o PT e o ex-presidente Lula de tratar quem trabalha no campo como fascistas, enquanto Jerônimo destacou o trabalho de capacitação e financiamento realizado junto a 600 mil propriedades voltadas à agricultura familiar.
Jerônimo e Roma ainda confrontaram promessas com relação à ponte Salvador-Itaparica, que tem potencial de geração de até 8 mil empregos nos setores de turismo, imobiliário, comércio e serviços. Kleber Rosa defende avaliar os impactos ambientais da ponte e a revisão da política de grandes obras.
Segurança
A questão da segurança não poderia ficar de fora do debate. O candidato do PSOL criticou a política armamentista de Bolsonaro e destacou os altos índices violência na Bahia. Jerônimo defendeu um debate nacional e lembrou o investimento feito desde governo Wagner e pelo governo Rui.
João Roma desdenhou da proposta do petista. “Não me faça rir, dizer que Lula vai melhorar segurança é a mesma coisa que dizer que Jerônimo vai melhorar a educação”, alfinetou Roma, fazendo referência à gestão do opositor como secretário. O candidato do PL chamou atenção para o fato dos soldados da Polícia Militar aguardarem 14 anos por uma promoção e criticou a falta de um programa habitacional para a PM.
O debate ficou tenso quando Kleber Rosa atacou João Roma, a quem chamou de "candidato Nutella” e “almofadinha”. Roma retrucou e o debate chegou a ser interrompido, com a restituição do tempo da interrupção ao candidato do PSOL.
Jerônimo questionou as realizações atribuídas a Bolsonaro e lembrou a paralisação do Luz para todos, do casa verde e amarela e de programas de incentivo à agricultura familiar. João Roma defendeu a redução de impostos e citou a queda nos preços dos combustíveis, enquanto o petista lembrou que os preços subiram no atual governo. Kléber Rosa defendeu a tributação de grandes fortunas para promover uma melhor distribuição de renda.