Com a chegada do fim de ano, o clima de confraternização toma conta das famílias baianas. Seja nas reuniões de família, entre amigos ou no ambiente de trabalho, o momento é de celebrar a vida, com muita comida, risadas e, para muitos, o tradicional churrasco. Contudo, este ano, a alta no preço das carnes tem gerado preocupação entre os consumidores, que, além de planejar a festa, agora enfrentam o desafio de lidar com a disparada dos preços.
De acordo com uma pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços das carnes, tanto no atacado quanto no varejo, têm apresentado uma escalada constante. Em setembro deste ano, o Indicador do boi gordo CEPEA/B3 registrou um aumento de 14,4%, fechando a R$ 274,35 por arroba, um crescimento de 8,7% em comparação com agosto. A valorização também foi sentida na carne de vaca/novilha, que subiu 15,2%, enquanto a de boi teve alta de 12,2%.
Os motivos dessa alta estão ligados, principalmente, à escassez de oferta de animais para o abate, consequência da forte estiagem e das queimadas que afetaram a criação de gado em diversas regiões. Enquanto isso, a demanda pelo produto segue aquecida, especialmente para as festividades de fim de ano.
A reportagem da Tribuna da Bahia foi até açougues de Salvador para verificar de perto os valores praticados no comércio. Em alguns estabelecimentos da capital baiana, o quilo da picanha, um dos cortes mais desejados para o churrasco, está sendo vendido por R$ 65,99, enquanto a fraldinha sai por R$ 38,99. Outros cortes como a alcatra e o filé mignon também apresentaram aumentos, com o preço do quilo chegando a R$ 41,99 para ambos os cortes.
Foto: Romildo de Jesus
A alta dos preços tem gerado preocupação entre os baianos que já se preparam para as festas de final de ano, mas agora enfrentam dificuldades para planejar o churrasco. Viviane Silva, consultora de crédito, comentou sobre os desafios de reunir a família sem comprometer o orçamento.
"A gente quer fazer um churrasco, mas lembra que tem aumento de gás, que uma ida ao mercado o básico não custa menos de R$ 500. A gente se pergunta: vai compensar ou não? Vou colocar esse dinheiro aqui e o que vou precisar deixar de comprar?", refletiu.
Já o administrador Diego Jesus decidiu abrir mão do churrasco neste final de ano, optando por usar o décimo terceiro para quitar suas dívidas. "O dinheiro do décimo é para liquidar: amortizar parte das dívidas feitas ao longo do ano. Sem churrasco esse Natal", afirmou.
Além disso, o presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado da Bahia (Sincar-BA), Júlio Cesar, havia alertado já em outubro para a alta no preço da arroba do boi, que subiu de R$ 200 para R$ 308,10. A tendência de aumento, segundo ele, certamente afetaria o preço final para o consumidor, o que tem se mostrado uma realidade para os baianos neste fim de ano.
Diante desse cenário, muitos baianos terão que buscar alternativas para manter a tradição do churrasco sem comprometer tanto o bolso. Seja optando por cortes mais baratos, comprando em maior quantidade para dividir o custo com amigos e familiares, ou até mesmo reconsiderando o tipo de celebração, o importante é encontrar uma forma de celebrar a vida, mesmo com o aumento dos preços.
