O PSD baiano, partido que mais elegeu prefeitos no estado este ano, com 115 no total, aparece em segundo lugar no ranking de diretórios estaduais com mais candidaturas suspeitas de serem “laranjas”, segundo levantamento divulgado ontem (14) pelo jornal O Estado de São Paulo.
De acordo com a reportagem, um dos casos que chama atenção ocorreu no Sul do estado, em Eunápolis. A candidata a vereadora Rita Alves da Silva, conhecida como Ritinha, recebeu R$ 60 mil do fundo eleitoral do PSD e declarou ter gasto quase todo o valor, somando R$ 57,5 mil.
No entanto, ela obteve apenas cinco votos. As redes sociais dela, informadas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não mostram indícios de campanha, embora a empresa de marketing digital H&H Empreendimentos tenha sido contratada por R$ 47,5 mil.
Em Eunápolis, onde Robério Oliveira (PSD) foi eleito prefeito com 49,6% dos votos válidos, outras duas candidatas do PSD, Pastora Maria Nilza e Maíza Oliveira, também contrataram a H&H Empreendimentos por R$ 40 mil cada uma. Pastora Maria Nilza recebeu apenas 11 votos, e Maíza, 48.
"Quem vai prestar conta é a Ritinha. Então, se ela teve alguma coisa que signifique irregularidade, aí tem os órgãos de controle para olhar”, declarou o senador Otto Alencar, presidente do PSD da Bahia, ao Estadão.
“Como é que eu vou calcular se a Ritinha vai ter voto ou não? Quem calcula é a urna, não sou eu. Você liga para a Ritinha para saber. A gente dá [o dinheiro] na boa fé. Se ela vai fazer uma coisa dessas [desviar] ou não, cabe a investigação”, continuou o dirigente partidário estadual.
O diretório nacional do PSD afirmou ao Estadão que os repasses seguem a legislação brasileira, mas que a prestação de contas é responsabilidade dos candidatos. As candidatas envolvidas foram procuradas pelo jornal, mas não responderam à reportagem.
Em outro caso, em Guanambi, a candidata a vereadora Nilzete do Baú (PSD) gastou R$ 72,5 mil, conforme declarado, mas obteve apenas 54 votos. Em nota enviada por seu advogado, Nilzete afirmou que “os recursos recebidos do Fundo Partidário foram aplicados de maneira transparente e dentro da legalidade, conforme as exigências da Justiça Eleitoral. A prestação de contas final ainda será apresentada dentro do prazo regulamentar”.
A nota também ressalta que o cenário político de Guanambi foi “desafiador”. “Sendo que calha de logo observar que a candidatura majoritária governista contra a qual a candidata Nilzete se colocou obteve 80,46 % dos votos no pleito”, diz o texto elaborado pelo advogado da candidata do PSD.
“De outra banda, a oposição aos partidos governistas, onde se situava a candidata Nilzete, conseguiu eleger apenas dois vereadores em um total de 17 vagas. Essa conjuntura dificultou a candidatura de Nilzete, apesar de sua campanha focada em propostas e no contato com os eleitores”, continua a nota.