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Os divórcios motivados pelo jogo do tigrinho: 'Meu marido vendeu nossa casa'

Relatos de usuários e especialistas ilustram como o vício em apostas e jogos de azar causam problemas no casamento, muitas vezes resultando na separação.

Publicada em 20/09/24 às 07:42h - 68 visualizações

Fonte: Agência Estado


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 Os divórcios motivados pelo jogo do tigrinho: 'Meu marido vendeu nossa casa'
 (Foto: Foto: Bruno Laforé/CNN)
Felipe* ainda não decidiu se vai contar ou não para a esposa sobre seu problema com as bets, as plataformas de aposta esportiva. Ou melhor, ex-esposa: embora ainda conversem e Felipe acredite que possam reatar, ela o deixou há 6 meses, depois de um relacionamento de 12 anos, junto com o filho de 10 anos do casal.

O problema, segundo Felipe contou à BBC News Brasil, não foram apenas os cerca de 40 mil reais deixados nas apostas, que ele perdeu sem dar explicações à companheira. Mas também seu comportamento ausente dentro de casa:

"A mente de um jogador fica obscura. Eu não conseguia mais desempenhar meu papel em casa, meu papel como pai. Não brincava mais com meu filho e parei de conversar direito com ela.”

Desconfiando que as dívidas do marido seriam por um suposto relacionamento com outra mulher, sua esposa decidiu se separar.

A história de Felipe ressoa nos relatos da advogada Audrey Cardoso Scattolin, da cidade de Americana, no interior de São Paulo.

Ela diz que, em 2022 e 2023, os divórcios motivados por vício em bets ou em jogos de azar, como o “jogo do tigrinho”, representam cerca de 80% dos casos de seu escritório, segundo levantamento interno.

Para uma das clientes de Scattolin, a gota d’água para a decisão do divórcio foi ver o ex-marido apresentando o jogo do tigrinho para o filho de 12 anos.

A advogada também acumula histórias de clientes cujos cônjuges perderam centenas de milhares de reais, além de bens como carro e até a casa da família. Vários se envolveram com agiotas para pagar as dívidas e para continuar jogando.

Desde a pandemia, as bets e os jogos de azar ficaram cada vez mais presentes no cotidiano dos brasileiros. São patrocinadores de times e campeonatos de futebol, estão nas campanhas de influenciadores, comerciais na televisão, anúncios em apps, banners no transporte público e várias outras aparições.

Menos visíveis, mas não raros, são os relatos de pessoas que se arrependeram de experimentar essas plataformas.

Uma busca rápida em redes sociais como TikTok ou YouTube leva a vídeos de usuários que tiveram perdas significativas e tentam lidar com o vício, em posts seguidos de dezenas de comentários com histórias semelhantes.



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