“As pessoas têm de ficar indignadas quando fazem o teste do pescoço e não encontram pessoas diferentes sentadas a seu lado para conversar”, diz Vânia Neves, membro do conselho de administração do Carrefour e diretora global de soluções de tecnologia da Vale.
Vânia nasceu no subúrbio do Rio. Filha de uma mãe que trabalhou como empregada doméstica e secretária e de um pai mecânico e funcionário público, estudou matemática e começou a carreira como trainee na White Martins. Passou pela farmacêutica GSK antes de chegar à Vale.
Aos 59 anos, ela afirma que, como mulher e negra, a “solidão corporativa” esteve quase sempre presente em sua trajetória profissional. Diz que, em sua carreira, teve de se acostumar a ser mais questionada que seus pares, muitas vezes com sarcasmo. “Procurei me blindar em relação a isso. Quando era diretora júnior, as pessoas eram ainda mais ríspidas comigo. Eu precisava ser assertiva. Mas vi que não era pessoal e também que não iria me masculinizar. Hoje trabalho em ambientes em que tenho respeito.”
Vânia passou a integrar o conselho do Carrefour em junho de 2022, um período relativamente favorável à ascensão feminina no mundo corporativo brasileiro. Entre maio daquele ano e maio de 2023, as grandes empresas do País expandiram o número de mulheres na alta liderança de modo significativo: a presença feminina cresceu 14,5% nas diretorias e 22% nos conselhos de administração das companhias que fazem parte do Ibovespa, o principal índice da Bolsa de Valores brasileira – isto é, as 82 organizações que movimentam o maior volume de recursos no mercado acionário.
Fonte: Agência Estado