A Nasa anunciou, nesta segunda-feira, 3, o nome dos quatro astronautas que se tornarão os primeiros seres humanos a viajar até a Lua, no século 21, durante a missão Artemis 2. Serão três homens e uma mulher.
O comandante da missão será Reid Wiseman, 47, engenheiro de sistemas, piloto de provas e veterano de uma missão de longa duração à ISS (Estação Espacial Internacional), em 2014.
O piloto será Victor Glover, 46, engenheiro de sistemas com experiência como oficial da Marinha americana e veterano de uma missão de longa duração à ISS –entre 2020 e 2021, no segundo voo tripulado da cápsula Crew Dragon, da SpaceX.
Como especialistas de missão, Christina Koch, 44, mestre em engenharia elétrica e veterana de uma expedição de longa duração à ISS (entre 2019 e 2020, quando bateu o recorde de maior estadia contínua de uma mulher no espaço), e Jeremy Hansen, 47, saído das Forças Armadas canadenses e com mestrado em física, o único do grupo a não ter ido ao espaço até o momento.
As tripulações que conduziram as missões lunares Apollo, nos anos 1960 e 1970, eram todas feitas de homens, americanos e brancos. As missões Apollo comportavam apenas três. Agora, pela primeira vez, voarão quatro pessoas de uma vez só à Lua, sendo um negro, uma mulher e um não americano.
Entre 1968 e 1972, 24 humanos deixaram a órbita da Terra, e 12 chegaram a caminhar sobre a Lua. Desde então, ninguém voltou a repetir qualquer dessas façanhas – até a Artemis 2.
A CSA (Agência Espacial Canadense) faz parte do programa Artemis e deve fornecer um braço robótico para a futura estação orbital lunar Gateway, que deve começar a ser construída a partir da missão Artemis 4 (esperada para 2028).
À Lua
A missão, neste momento marcada para dezembro de 2024, fará o primeiro voo tripulado do programa.
Sua predecessora, Artemis 1, voou entre 16 de novembro e 11 de dezembro do ano passado, realizando o primeiro teste bem-sucedido conjunto do foguete lunar SLS (sigla inglesa para Sistema de Lançamento Espacial) e da cápsula Orion (desenvolvida em cooperação pela Nasa e pela ESA, sua contraparte europeia). Foram ao todo 25 dias e meio de voo, mas sem tripulação.
A ideia era testar ao máximo os sistemas com uma missão de longa duração antes de colocar humanos a bordo. Para a Artemis 2, o plano de voo é diferente e mais modesto. Serão cerca de dez dias de duração, no que, ao final, será uma trajetória de retorno livre –significa dizer que, ao ser colocada a caminho da Lua, a espaçonave não precisará de propulsão extra para retornar à Terra.
É uma medida de segurança razoável, adotada também durante as primeiras missões Apollo, para garantir o retorno da tripulação mesmo em caso de falhas no caminho.
A diferença é que, nos voos do século passado, a espaçonave enfim era inserida em órbita da Lua e, com isso, deixava a trajetória de retorno livre, requerendo nova queima do motor para se colocar uma vez mais a caminho da Terra. Isso não acontecerá na Artemis 2; a cápsula fará apenas o contorno da Lua, a uma distância considerável (cerca de 10 mil km), e já estará na rota de retorno, realizando um trajeto similar a um oito.
A partida também será consideravelmente diferente das missões Apollo (e da Artemis 1). Após o lançamento, os astronautas darão duas voltas em torno da Terra. A primeira órbita será uma elipse com apogeu de cerca de 2.900 km e período de cerca de 90 minutos. Para a segunda, o segundo estágio do SLS elevará a altitude máxima para 74 mil km, numa órbita que durará 23,5 horas, antes de se separar da cápsula.
A Orion então usará seus manobradores para realizar aproximações do estágio, testando os sistemas que serão requeridos para futuros encontros e acoplagens no espaço. Depois disso, usará seu motor principal para dar um empurrão final para longe da Terra –a injeção translunar.
A gravidade da Lua e da Terra farão o resto. O trajeto até a Lua será de quatro dias, e outros quatro serão requeridos para o retorno, totalizando dez dias de missão.