A convocação de Daniel Alves lembrou a tradição de grandes laterais pela direita. Djalma Santos, por exemplo, contribuiu, junto a outros jogadores pretos, como Zózimo, Didi e Pelé, a derrotar o racismo no escrete.
Acreditava-se ser o tom escuro da epiderme fator de intranquilidade, razão pela qual teríamos perdido para a Hungria em 1954, e antes o título mundial dentro de casa, em 1950, depois de sair na frente contra o Uruguai na final.
Pois foi justamente a calma do lateral Djalma Santos, aliado a seus companheiros afros, o fator decisivo para a vitória sobre a Suécia, na final de 1958. Os suecos saíram na frente do placar.
A alegria de Djalma contagiava a todos, incluindo Pelé e Garrincha [na foto acima, comemorando com Djalma, dando risada, o último gol no 5 a 2 sobre a Suécia].
Nelson Rodrigues foi quem melhor captou a essência do jogador revelado na Portuguesa de Desportos e um dos mais assíduos, como titular do Palmeiras, com quase 500 jogos.
“Djalma Santos põe, no seu arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo Negro”.
“Dejalma”, como constava em sua certidão de nascimento, inventou o lançamento sobre a área quando tirava o lateral, como um cruzamento, muito utilizado hoje em dia.
A garra e a consciência tática de jogar para o conjunto permitia a Nilton Santos, na Suécia, avançar para apoiar o ataque pela esquerda, enquanto o “Cristo Negro” guardava a posição.
Passou toda a vitoriosa carreira sem ser expulso uma vez sequer, vestindo 100 vezes a camisa da seleção canarinho: foi bi em 1962, no Chile.
Cuidou bem da saúde, a ponto de jogar até os 42 anos, quando pendurou as chuteiras no Atlético Paranaense, para virar treinador, estreando no Vitória.