O ex-jogador e médico, Afonsinho, 74 anos será uma das atrações do 3º Encontro Estadual de Cronistas Esportivos, que acontecerá nos dias 7 e 8 de janeiro em Feira de Santana. De muitas histórias no futebol brasileiro, ele foi o primeiro jogador brasileiro a obter o passe livre, situação que mais tarde foi legalizada e se tornou um grande avanço na profissão de jogador de futebol. Ele atualmente reside em Paquetá/RJ, se encontra aposentado, porém segue ativo e principalmente antenado acompanhando a realidade do esporte num todo.
O coordenador geral do evento, Jair Cesarinho esteve há poucos dias em Paquetá/RJ, onde visitou Afonsinho e oficializou o convite para que ele esteja em Feira de Santana no próximo mês de janeiro para participar do 3º Encontro Estadual dos Cronistas Esportivos. “É uma honra para nós, termos um cara da estirpe e principalmente com a história que Afonsinho tem no futebol nacional. Graças a Deus ele está bem e vai abrilhantar o nosso evento passando a sua experiência, conhecimento e trocando uma ideia comparativa da situação do jogador de bola no seu tempo, com a de hoje. Vale a pena conferir esse papo”, disse Jair Cesarinho.
O coordenador do evento Jair Cesarinho esteve no Rio de Janeiro onde convidou Afonsinho para estar em Feira de Santana
QUEM É
Afonso Celso Garcia Reis, mais conhecido como Afonsinho é um paulista de nascimento, mas de alma carioca: ele foi um dos poucos jogadores na história do futebol a defender os quatro grandes clubes do Rio de Janeiro (Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense). Estreou no time de General Severiano em 1965, com apenas 17 anos de idade, substituindo o volante Elton para formar o célebre meio de campo com Gerson. Viveu o seu melhor momento na carreira. Conquistou vários títulos, como o Torneio Rio-São Paulo em 1966, o bicampeonato da Taça Guanabara, em 1967 e 1968, o bicampeonato carioca de 1967 e 1968 e o campeonato brasileiro de 1968 (A Taça Brasil), competição na qual também foi capitão.
Afonsinho entrou para a história do futebol brasileiro, ao ser o primeiro jogador do Brasil a conseguir o passe livre. Na época, o clube poderia ser considerado “dono” de um jogador. Ao estabelecer um contrato de trabalho, o atleta ficava preso à instituição, mesmo após o término do tempo do vínculo. Somente teria o passe liberado com o pagamento de uma multa rescisória ou um acordo com outro time. Caso contrário, ele ficaria vinculado a equipe.
Formado em medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Uerj, profissão que exerceu depois de encerrar a carreira, trabalhando no Pinel por 30 anos, até se aposentar. Afonsinho era um jogador que não gostava só de futebol, era interessado em outros assuntos. Ele sabia que o mundo não se resumia apenas ao futebol, e sua postura liberal e progressista sempre incomodou, mas para enfrentar isso tudo, ele era politizado, combativo, articulado, inteligente.
O LÍDER
Liderou vários movimentos, com suas ideias, como: a regulamentação da profissão de jogador de futebol, junto à criação de um sindicato forte que pudesse lutar pelos direitos da classe. Não aceitava, por exemplo, os frequentes atrasos nos salários e nos bichos (prêmios por vitórias). Afonsinho sempre foi um jogador polêmico e não tinha medo de enfrentar os cartolas, até mesmo na Justiça. Essa postura acabou atrapalhando a sua carreira na seleção brasileira e, infelizmente, ele não chegou a atuar defendendo o seu país. As portas se trancaram. Poderia ter disputados as copas de 1974 e 1978, mas com os ditadores no poder, não teve chance. Sua história deu origem ao documentário Passe Livre de 1974, e a uma música em sua homenagem, composta por Gilberto Gil, em 1973: meio de campo.