Desde cedo, ainda na minha infância, fui um apaixonado pelo rádio. Morando até os oitos anos em Santo Amaro da Purificação, a cidade onde nasci, já tinha o hábito de ouvir, com os meus irmãos mais velhos, jogos de futebol, através das rádios Globo, Nacional, Tupi (estas do Rio de Janeiro), a Bandeirantes e a Jovem Pan, estas duas de São Paulo, entre outras.
Muita gente quando era jovem, e até mesmo na atualidade, gostava e gosta de cantar no banheiro. Eu ia tomar banho narrando jogos de futebol. Fazia e participava de campeonatos de botão narrando as partidas.
Muito jovem, sempre tinha vontade de trabalhar em rádio. Sonhava em um dia transmitir um jogo de futebol no estádio Maracanã. Pensava que seria impossível, mas dei sorte na vida e acabei me tornando um narrador de futebol, e transmiti várias jogos decisivos, no então maior estádio do Mundo.
Modéstia à parte, além da sorte, também tive competência, senão eu não me tornaria o locutor que mais tempo falou na Rádio Excelsior da Bahia, hoje Rede Excelsior de Comunicação com as emissoras AM 840 e FM 106.1.
Além de ter trabalhado em outras emissoras da capital e também do interior, como na Rádio Andaiá FM 97.1, onde faço o Programa Andaiá Urgente das 12 às 14 horas, de segunda a sexta-feira.
Mas o começo, como para muitos que se tornam profissionais, foi difícil. Encontrei algumas barreiras, diria até naturais. Mas nunca desisti do meu objetivo.
Queria trabalhar numa emissora de rádio. E o meu maior objetivo era ser narrador. E quando comecei no rádio esportivo, quantos nomes famosos faziam parte das emissoras de Salvador.
Só para lembrar de alguns, cito aqui Nilton Nogueira, o eterno clássico, Fernando José, que depois passou para a televisão e mais tarde se tornou Prefeito de Salvador, Genésio Ramos e muitos outros.
Em 1968, estava ouvindo uma resenha na Rádio Excelsior da Bahia, a Emissora Católica da Família Baiana, e os locutores estavam convocando jovens que quisessem trabalhar em rádio, para ir na emissora fazer um teste.
Lembro que nesta época a Rádio Excelsior funcionava na Rua Guedes de Brito. Depois houve um terrível incêndio e a rádio ficou alguns dias fora do ar, e quando voltou já foi funcionar na Praça da Sé, no Edifício Ruby, no terceiro e quarto andares.
Mas antes do incidente, fui lá fazer o teste. E quem me entrevistou foi o Fernando José. Lembro que o chefe da equipe esportiva era o saudoso Antônio Sampaio, que depois se transferiu para a TV Aratu.
Recordo bem de como foi o teste. Eu entrevistei o Fernando como se ele fosse o técnico Paulo Amaral, que na época estava dirigindo o Bahia e simulei um trecho de uma transmissão de um jogo de futebol.
O resultado do teste, e olha que foi um montão de gente para tentar uma das três vagas que eles estavam oferecendo, seria divulgado pela própria resenha da rádio.
Dias depois, eu estava ouvindo o programa e aí tive uma decepção. Foram chamados o meu irmão de fé, Silvio Mendes, até hoje na ativa, trabalhando na Rádio Metrópole, o saudoso Osvaldo Júnior, o querido “Cebola” e José Carlos Melo, que depois virou professor e vereador. Acabou deixando o rádio.
Meses depois, eu realizei o meu sonho, entrando como redator, me tornando depois apresentador de resenhas e narrador esportivo na Rádio Cruzeiro AM 590, graças ao meu eterno mestre, José Ataíde.
Numa dessas viagens para transmitir jogos no interior, Nilton Nogueira, que continuava na Rádio Excelsior, pegou uma carona no carro da Rádio Cruzeiro para Feira de Santana.
Fomos fazer o jogo entre Bahia de Feira e Vitória, pelo Campeonato Baiano. E aí, o velho Nogueirinha, como é carinhosamente chamado na intimidade, me falou:
– Olha aqui, Mário Freitas, eu e o Fernando queríamos que você fosse um dos aprovados naquele teste, mas fomos votos vencidos pelo Antônio Sampaio que era o chefe da equipe.
– É, Nogueira, mas tudo só acontece na hora certa. Não era para eu estar trabalhando lá com vocês. Respondi.
Quis o destino que no ano seguinte, em 1970, Osvaldo Júnior saiu da Rádio Excelsior e eu recebi uma ligação de Fernando José, que já era o chefe da equipe, me convidando para trabalhar.
E assim começou a minha vida na Rádio Excelsior, a minha verdadeira casa na minha vida profissional. Fiquei por quatro anos, sai para a Rádio Cultura, voltei em 1975, fiquei até 1982, sai para a Rádio Clube e voltei em 1992 onde fiquei até 2016.
Foi um período de muito sucesso profissional. Consegui formar grandes equipes e sempre tive prestigio com os meus irmãos e amigos, o Padre Aderbal Galvão de Souza e o Dr. José Trindade Costa Lage.
Por divergências contratuais, sai da emissora, mas deixando portas e janelas abertas. Aliás, recentemente, atendendo a um convite do meu amigo e parceiro Renato Lavigne, voltei para participar do Programa Grito Rubro-Negro, irradiado aos domingos, das 14 às 15 horas.
Posso trabalhar em qualquer emissora, mas repito sempre, por onde ando e nos encontros com amigos: faço programa em qualquer emissora, mas a Rádio Excelsior da Bahia (hoje Rede Excelsior de Comunicação) foi, é e sempre será a minha eterna casa na minha vida profissional. (Marão Freitas/Em Cima do Lance)