Certa feita perguntamos a ACM, o titular, o que ele achava de ser considerado um insubstituível. A resposta veio no mais clássico estilo, não um grito, mas com a voz retumbante:
— Insubstituível uma zorra! De insubstituíveis o céu e o inferno estão abarrotados! Estou aqui todo dia dando duro para não me substituírem! Tem um monte querendo.
Ponderamos que a colocação foi inadequada. Insubstituível, não. Inigualável.
Parou, pensou, concordou:
— Admito que eles existem.
E aí começou a discorrer sobre valores que induzem um político a ampliar suas chances de acerto: foco, saber bem o que se quer com um tic de ousadia, se acercar de competentes, lealdade com os amigos e olho vivo com os inimigos.
Pela lealdade — Amigo de ACM, o jornalista Fernando Vita entrou na história pela banda da lealdade. Juntos desde o início da trajetória do líder, secretário de comunicação e afins, ACM até quis fazê-lo deputado federal. Viu a falta de vocação para garimpar votos, falou com Paulo Souto, o governador, ele foi para o TCM em 2003.
Vita vai se despedir da condição de conselheiro do TCM, um cargo vitalício, em 22 de dezembro próximo, quando completa 75 anos. E agora, a menos de cinco meses, candidatos para substituí-lo já estão aí (aliás, como sempre, com todos).
Nomes — Marcelo Nilo, ex-deputado que ano passado rompeu com o governo do PT para apoiar ACM Neto, já disse sem pedir segredo:
— Sou candidato. Dê no que der, irei até o fim.
Tem chances estando na oposição? Ele acha que sim, mas talvez, se comparado com Vita, está na época errada com o ACM errado.
A vaga em disputa, pela configuração institucional para formar o plenário, é da Assembleia. E outro que não faz segredo da pretensão é o deputado estadual Fabrício Falcão (PCdoB), que lá atrás, no começo do ano, abriu mão de brigar por outra vaga para Aline Peixoto, esposa de Rui Costa, achando que a próxima, exatamente a de Vita, seria dele.
— É questão de justiça.
Mas ele achou concorrência dentro de casa. O deputado federal Daniel Almeida, também do PCDoB, no embalo da ideia de botar um vermelho lá, entrou em cena.
— Acho que é o partido quem deve decidir isso.
É autor de frases famosas, como: 'O homem que se vende sempre vale menos do que recebe'. Gaúcho de Rio Grande, fundou o seu primeiro jornal em Pedro Leopoldo ainda estudante, o manuscrito Capim Seco, que fazia questão de botar na capa: Tiragem – um exemplar.
Já no Rio, no Correio da Manhã, fez a coluna ‘Amanhã tem mais”. Depois fundou A Manhã. Preso várias vezes, conviveu com Carlos Drumond de Andrade, Rubem Braga, o chileno Pablo Neruda, José Lins do Rêgo e Jorge Amado. Foi com A Manha que em 1926 ele fez uma série de reportagens relatando a Revolta da Chibata, na Marinha, no Rio, em 1910. Por conta disso foi sequestrado e espancado por marinheiros. Voltou para a redação, mandou fixar na porta o letreiro:
Entre sem bater”.
Dizem que foi daí que surgiu a expressão.