Os movimentos negros de modo geral, os de Salvador incluídos, repudiam o 13 de maio como Dia da Abolição. Foi mais enrolação. Ao invés de estabelecer programas assistenciais, pouco depois decretou a Lei da Vadiagem. Quem fosse encontrado vadiando, cadeia.
A resposta ao repúdio se materializou em 2003, com a instituição do 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, há 326 anos, este sim, um quilombola que organizou um time bem orquestrado, inclusive militarmente, para enfrentar a escravidão.
Quem estabelece o divisor de águas aí é a jornalista Maíra Azevedo, arauto top do movimento negro.
— Hoje é um dia para fazermos o alerta contra essa coisa de tratar negros como se fossem mercadorias.
Ataques
Tia Má, que está em Maceió e conversou conosco por telefone justo no momento em que desembarcava no Aeroporto Zumbi dos Palmares, e lá está justo para paricipar das reverências a Zumbi, diz que a luta do movimento negro é uma resistência contra as sequelas da escravidão:
— Temos avanços, como as secretarias da Igualdade, da Reparação. Mas além do racismo explícito, tem também a própria mídia, que estereotipa o negro sempre em funções subalternas.
E a nossa Tia Má já sofreu ataques racistas?
— Sim. Nas redes já me chamaram de macaca. Nossa resposta é ir para a luta.
*Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.