Foto: Carol Garcia/GOVBA
Que ironia: o Arquivo Público, que guarda a banda documental da vida baiana desde a chegada de Thomé de Souza em 1.549, virou palco e alvo de um caso único na história da Bahia. Um prédio histórico, bem conservado, reformado ano passado, estava com leilão marcado, felizmente suspenso pela Justiça.
Pior: é uma causa de 1990, de 31 anos atrás, em que uma empresa reclama pagamentos de projetos feitos para a Bahiatursa. A nota da PGE ontem divulgada explica que trata-se de uma decisão judicial, não uma iniciativa do Estado. Mas não diz porque se permitiu que a situação chegasse a esse ponto. Pelo tempo, deu de sobra para se tentar uma solução. E a situação virou um caso de descaso, ao que parece.
Indignação
A reação foi geral, e misturou perplexidade com a indignação. Luiz Antonio de Souza, presidente da secção baiana do Instituto dos Arquitetos do Brasil, divulgou nota de repúdio na qual pede o cancelamento do leilão.
Ordep Serra, presidente da Academia de Letras da Bahia, também publicou nota expondo a indignação de todos que são comprometidos com a preservação do patrimônio histórico-cultural.
E afinal, vai ter ou não o leilão? A Cravo Leilões, a serviço da 3ª Vara Cível de Salvador, marcou para hoje às 10h, com a ressalva: o imóvel é avaliado em mais de R$ 12 milhões, mas o lance inicial é de R$ 5 milhões, mas o projeto foi abortado pela própria justiça. É o tipo do leilão que nem sequer deveria ser marcado. Cancelado menos mal.
*Levi Vasconcelos é jornalista político, diretor de jornalismo do Bahia.ba e colunista de A Tarde.