O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), reafirmou o compromisso do governo estadual e federal em investigar as denúncias sobre condições de trabalho inadequadas nas obras da fábrica da BYD, em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Ontem (2), durante visita ao local, o chefe do Executivo baiano destacou a necessidade de rigor nas apurações e expressou confiança na idoneidade da empresa, que se comprometeu a averiguar os fatos.

“Nós também estamos atentos com o Ministério Público do Trabalho. O presidente Lula é um presidente que vem de chão de fábrica. Vocês se comprometeram [da BYD] em dar conta de averiguar e apurar o que houve. Prestar para naquilo que é uma preocupação da BYD”, afirmou Jerônimo Rodrigues.

O governador também alertou para a possibilidade de que as denúncias sejam exploradas em um contexto de disputas econômicas e políticas. “Espero que essas denúncias possam, ao contrário, ajudar a resolver os problemas pendentes e não sejam fruto de um movimento intencional de competição política industrial, como muitos têm especulado”, disse Jerônimo, à imprensa

Apesar das investigações em andamento, Jerônimo reforçou o apoio institucional ao projeto da BYD na Bahia, mencionando a relevância da empresa para a geração de empregos e o desenvolvimento econômico da região. “O governo da Bahia, o governo federal e o município de Camaçari estão comprometidos com o sucesso da empresa, com a dignidade dos trabalhadores, sejam brasileiros ou chineses, e com a promoção de um ambiente saudável e justo para todos os envolvidos”, afirmou.

O caso - As denúncias, reveladas por uma reportagem da Agência Pública, apontam que trabalhadores chineses de empresas terceirizadas na construção da fábrica estariam submetidos a jornadas de até 12 horas diárias, sem folgas semanais e com ausência de equipamentos de proteção. Além disso, foram relatadas agressões físicas, falta de água potável e condições degradantes nos alojamentos.

Diante da situação, o Ministério Público do Trabalho (MPT) instaurou um inquérito para apurar os relatos. Em resposta, a BYD afirmou que repudia os atos denunciados e determinou o afastamento imediato dos agressores. A empresa também exigiu das terceirizadas providências urgentes para evitar a repetição dos problemas.

O MPT instaurou o procedimento de investigação após receber uma denúncia anônima em 30 de setembro. No dia 11 de novembro, foi realizada uma inspeção na área onde a BYD está construindo sua linha de montagem.

O MPT informou que está reunindo elementos para propor um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) ou, caso necessário, ingressar com uma ação judicial contra a montadora chinesa.

Entre as medidas, o órgão solicitou à empresa e a três contratadas envolvidas na obra documentos como contratos de trabalho, vistos de trabalho dos estrangeiros empregados no local, além de planos de prevenção de acidentes e saúde ocupacional, que serão analisados no curso da investigação.