Morreu José Jorge Randam
Faleceu hoje, no dia de seu aniversário, completava 90 anos de vida, nosso querido José Jorge Randam. Meus sentimentos à família e aos amigos e admiradores que sabemos são muitos.
Quando a televisão estreou na Bahia, em novembro de 1960, um dos primeiros rostos que os baianos viram na telinha foi o de José Jorge Randam, então um conhecido radio-ator, escalado pela emissora dos Diários Associados para apresentar um dos telejornais, com o patrocínio das Casas Ernesto. Além do noticiário Randam estrelou comerciais ao vivo, tinha que decorar o texto e não errar, nada era gravado. Fez para a Nova Sukita, dentre outros anunciantes.
Antes da TV, Randam fez a sua trajetória no serviço de alto falantes da Baixa dos Sapateiros e no rádio (Cultura, Excelsior e Sociedade). Consagrado como radio-ator, recebeu o prêmio de Radialista do Ano pela Revista Única em enquete popular.
Recebeu ainda homenagens de seus fãs através de faixas de veludo e cetim com os dizeres como: A Perola do Rádio; O Mais Querido; Ídolo das Angelistas; O Rei da Simpatia; Campeão da Simpatia; J.J Grande Animador; Campeão dos Auditórios; Ídolo da Mocidade; Adorado por Milhões; O Rei da Bahia; Reina em Nosso Coração; O Favorito das Estudantes... As faixas integram hoje o acervo da ABI.
O rádio lhe abriu as portas da publicidade. Naqueles idos, os profissionais da caixa falante eram praticamente “obrigados” a vender spots para completar o seu salário, quando tinha. O pagamento era através de vales, fatiado e quase suplicado.
A Centralização do núcleo de produção de TV pela Rede Tupi, em 1965, empurrou os profissionais da terrinha para a publicidade. Randam foi um deles. Formou uma boa cartela de clientes e adquiriu a Chama Publicidade da atriz e fonoaudióloga Lia Mara e estabeleceu sociedade com Jorge Santos; mais tarde associou-se à Alberto Miranda na Vínculo e após foi sócio do escritório da Denison na Bahia. Em 02 de fevereiro de 1972 fundou a Randam, uma agência com o seu nome e para chamar de sua.
A rede varejista Lojas Ipê e mais tarde a Coelba deram visibilidade à agência no mercado e conquistou inúmeras contas do segmento imobiliário e do varejo. E mais tarde um naco da conta do governo. Foi um dos idealizadores do Liquida Salvador, do CDL, com outro nome na primeira versão. Na década de 1990 chegou a ter a melhor estrutura de agência de publicidade da Bahia, com auditório para mais de 100 pessoas, em Ondina.
José Jorge tinha vocação e gosto para a vida associativa. Chegou a integrar a diretoria de onze entidades ao mesmo tempo, dentre as quais a ABAP/Bahia da qual foi presidente no período 1980-82; presidente ainda da Academia de Artes e Letras do Salvador (2002-2004) e vice-presidente de outras entidades, incluída a ABI. Foi de sua autoria a sugestão de criar na ABI a medalha Ranulfo Oliveira, em 1988, para homenagear profissionais com destaque na defesa da liberdade de imprensa e serviços prestados à comunidade.
Antes da pandemia a entidade aprovou a concessão à José Jorge da mais alta comenda da Casa, a Medalha do Mérito Jornalístico.
Montou uma editora (Contexto Arte Editorial) e por algum tempo transitou nessa área, editando vários livros, inclusive um de sua autoria, A Inclusão do Medo, em 1993. Deixou inacabado um livro sobre a sua trajetória no rádio e na comunicação.
Tinha muito orgulho de ser um profissional multimidia, chegou a ser homenageado com esse título. De fato, foi: transitou pelo serviço de alto falantes, o rádio, a TV, a publicidade e pela edição de livros.
Fotos de JJ Randam apresentando o telejornal da Tv Itapoan e recebendo homenagem da Câmara Municipal de Salvador.