Dois jovens indígenas da etnia pataxó que trafegavam em uma motocicleta no final da tarde de terça-feira (17) na BR-101, em Itabela, no extremo sul do estado, foram baleados nas costas após serem perseguidos por homens que estavam em uma outra moto. Samuel Cristiano do Amor Divino, 25 anos, e o adolescente Nawy Brito de Jesus, 16, seguiam em direção a uma das fazendas ocupadas por comunidades indígenas quando foram executados.
A região do extremo sul vive um grande conflito por posse de terras. A briga entre povos originários e fazendeiros tem resultado na morte de outros indígenas, como, por exemplo, a de um garoto de 14 anos assassinado com um tiro na cabeça em Prado.
A Polícia Civil diz que o duplo homicídio é investigado pela Delegacia Territorial de Itabela e que, até o momento, ninguém foi preso. “Mais detalhes não podem ser divulgados no momento, para não interferir na apuração”, disse a instituição.
A Polícia Militar informou que agentes da 7ª Companhia Independente da PM (CIPM) foram acionados após receberem a informação de que duas pessoas haviam sido mortas na localidade conhecida como Montinho, zona rural de Itabela. “O local foi isolado para a realização de perícia pelo DPT e a autoria e a motivação deverão ser investigadas pelo órgão competente”, diz trecho da nota emitida pela corporação.
Morte
Em outubro de 2022, homens que trabalhavam para uma empresa de coleta de sementes encontraram o corpo do indígena pataxó Carlone Gonçalves da Silva, de 26 anos, em estado avançado de decomposição. O cadáver estava entre duas aldeias indígenas de Porto Seguro.
À época, o perfil União Indígena fez uma publicação sugerindo que o jovem teria sido vítima do conflito que assola a região. “A região vive sob conflito das terras tradicionalmente ocupadas pelos Pataxós. Os fazendeiros contratam pistoleiros na região e intimidam e assassinam indígenas. Já foram registradas em menos de 3 meses 2 mortes de jovens”, diz parte do texto.
