O jogo da política, como o da vida, é como qualquer jogo, ganha quem acerta no dia a dia, mais quem acerta mais. Pois Rui Costa fecha os oito anos de governo em condição que, se não única, com certeza rara na história: pula do Palácio de Ondina para um gabinete top no Planalto Central.
Claro que o governo dele também teve desacertos. O Centro de Convenções caiu e no chão ficou, dando uma pancada no pessoal do turismo de negócios. E também na segurança as estatísticas macabras só cresceram. Mas, no frigir dos ovos, ganhou. Foi decisivo no elo entre Lula e Jerônimo que derrotou ACM Neto, líder nas pesquisas o tempo todo, ex-prefeito de Salvador, que além da grife do avô, foi bem avaliado.
Lógico que a história não acaba aí, hoje apenas vira-se mais uma página. Com os mesmos atores, o novo capítulo vem aí, obviamente com Rui Costa largando na pole position em termos de Bahia.
Ele carrega uma vantagem particular. Por ter governado a Bahia por oito anos, é conhecedor especial dos problemas do estado, tendo três focos por ele estimulados ou bolados a serem sequenciados: a conclusão da Fiol até Barreiras, a ponte Salvador-Itaparica e a volta do Estaleiro de São Roque do Paraguaçu, em Maragogipe.
Diz Jaques Wagner que quando passou o bastão para Rui em 2014 avisou: “Segure as rédeas que eu não quero voltar”. E Rui segurou mesmo. Se em 2020 o projeto dele com Major Denice em Salvador não deu certo, agora com Jerônimo encaixou.
Amanhã falaremos de Jerônimo na ponga do bom astral.
Despedida em Jequié, um ato deliberado da primeira dama
Rui Costa foi ontem a Jequié fazer um dos últimos atos de governo, a inauguração da ampliação do hospital Prado Valadares.
A data não foi por acaso, segundo o próprio governador. Foi um caso pensado. Lá é a terra da primeira dama, Aline Costa, que nos tempos de poder olhou com cuidado para as origens.
O novo anexo ao hospital tem 3 pavimentos, 6 consultórios, 4 enfermarias e 6 salas de cirurgias, sendo duas para procedimentos de grande porte.
O Prado Valadares passa de 175 para 276 leitos e de 780 para 1.230 funcionários, para atender até 130 mil pacientes ao ano!
A própria primeira dama Aline disse que muitas vezes pediu a Rui pelo hospital, colocando mais uma obra lá no currículo. A vitória de Jerônimo lá é creditada a ela.
Pelé, Lula e Jerônimo na ponta da dobrada do ano
Certa vez perguntei a ACM: “Como o senhor se sente assim, sendo um insubstituível?”.
Ele deu um rebordosa:
— Insubstituível uma zorra! Eu tô aqui todo dia dando duro para não me substituírem! Interessados é que não faltam!
Pedi desculpas dizendo que me coloquei mal: “Eu quis dizer inigualável”.
Pensou um pouco, falou:
— Admito que eles existem.
Pelé era um. Sempre se disse nos meios jornalísticos que notícia também tem hierarquia. Na dobrada de 2022 a notícia da morte dele é ponta da mídia em todo o planeja, no Brasil, também com a posse de Lula e cia. Inigualável mesmo.
Solução rápida
Passeando no fim de ano pela Bahia, lembrando dos atores de ponta da terra amada, Juazeiro (o torrão natal também de João Gilberto, Ivete Sangalo e Luiz Galvão), Marcus Antonio de Almeida, juazeirense, 57 anos, hoje morando em Hamburgo, na Alemanha, conta que Arnaldo Vieira do Nascimento, prefeito de 1977 a 1981, homem simplório, de pouco estudo, mas muita sagacidade sempre exposta na simplicidade, lá um dia foi informado que perto do acesso ao Salitre uma caçamba da prefeitura atolou, o lugar era complicado, de alto risco, foram chamá-lo.
— Prefeito, nós só temos aqui uma dúvida para fazer a ocorrência. A gente não sabe se ela se atolou, atolou ou atolou-se.
E Arnaldo, sem pestanejar:
— Me diga aí, qual foi a primeira roda que afundou na lama?
— As duas da frente e as quatro de trás afundaram de vez.
— Oh, meu querido amigo, então está tudo resolvido. Ela se atolou-se.
