A tarefa de encontrar os autores do ataque à estátua para Mãe Stella de Oxóssi, na avenida por ela nomeada, é a missão dos investigadores da 12ª Delegacia (Itapuã), na qual foi registrado boletim de ocorrência, dando conta do crime.
Os policiais têm a oportunidade de capturar os meliantes, solicitando a prisão provisória ao remeterem o inquérito ao Judiciário, caso contrário a impunidade pode incentivar novas agressões de perfil racista e de intolerância religiosa.
Repugnante é o mínimo para referir o ato, repetição inaceitável, pois as agressões físicas e os danos morais praticados contra o candomblé e adeptos vêm crescendo à medida da banalização deste mal por parte de seitas dizimistas inclinadas a incentivar o ódio contra interpretações divergentes do acesso ao divino.
É compreensível a fraqueza emocional e a lacuna de virtudes, em um país de educação frágil e marcado a ferro e fogo por um passado escravagista indigno, retardatário em libertar pessoas pretas da chaga do pelourinho.
No entanto, para punir atentados como este, existe o Código Penal Civil, além da Constituição Federal e outras leis protetivas da liberdade de culto, acrescentando à insana deliberação de queimar o monumento, o fato de Salvador ser a cidade com maior número de negros fora da África. O cidadão – ou grupo de pessoas a ser detido, a qualquer momento, pelos homens da lei, – não só queimou símbolo representativo da líder amada por sua comunidade, perto de fazer quatro anos de morte, mas também agrediu o município, e grande parte de seus moradores, pois mesmo quem não gosta de sua ancestralidade, precisa admitir a origem nos navios negreiros.
Produzido por narrativas de autoridades desprovidas de compromisso com o processo civilizatório, o momento belicoso pede represálias urgentes da sociedade civil e agentes de repressão à criminalidade, apesar da mágoa gerada pelo notório desentendimento.