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Bahia

Horários, lotação e sujeira são queixas dos usuários de ônibus

Passageiros chegam atrasados ao trabalho e reclamam da falta de ar condicionado na maioria dos veículos

Publicada em 26/09/22 às 10:54h - 163 visualizações

Fonte: atarde.com.br com supervisão do Jornalista Jair CEZARINHO WWW.ENCONTROJA.COM.BR


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Horários, lotação e sujeira são queixas dos usuários de ônibus
 (Foto: No início da manhã, longas filas e ônibus bem cheios são comuns nas baias de embarque da Estação Pirajá - Foto: Shirley Stolze | Ag. A TARDE)

Um tempo antes da pandemia, Cibele Aguiar, 42 anos, geralmente conseguia chegar no horário às escolas nas quais trabalha, mas após a retomada das aulas presenciais o sucesso é sempre incerto, pois o ônibus frequentemente atrasa. A falta de pontualidade, o número reduzido de linhas e veículos, gerando lotação, e a sujeira e o desconforto são alguns do problemas enfrentado diariamente por ela e os mais de 500 mil usuários habituais dos ônibus coletivos de Salvador.

“Uma das coisas que mais incomoda é a falta de perspectiva de horário, porque a gente não tem mais como saber que horas vai conseguir chegar no trabalho. Eu sempre trabalhei de ônibus e, apesar de todos os problemas que sempre existiram no transporte público de Salvador, eu conseguia cumprir meus horários com certa facilidade, apesar dos ônibus cheios e do trânsito”, conta a professora.

Cibele se desloca diariamente do Centro para a Caixa d’Água ou Vista Alegre (subúrbio), sempre usando a Lapa como ponto de partida. No primeiro caso, ela pega um ônibus direto do terminal, no segundo, o trajeto começa com o metrô e é concluído com ônibus. Embora pegue o ônibus para Vista Alegre na Estação Pirajá, o terminal é ponto de passagem, não a partida da linha, então também sofre variações de horário. “Um dia o ônibus passa 7h05, no outro passa 7h45”, reclama.

“Outra coisa é a sujeira, a gente encontra barata no ônibus, é surreal. E existe uma diferença muito gritante de ônibus que circulam em bairros nobres para esses ônibus que vão para a periferia. Como eu pego, às vezes, ônibus que vai para a Barra e outros lugares aqui, vejo muito isso, os que vão para o subúrbio são os piores, com barulho de coisas quebradas chacoalhando, marcas de ferrugem, peças soltas”, elenca Cibele.

Problema geral

Apesar das diferenças apontadas por Cibele, a circulação fora das áreas periféricas também não é isenta de problemas, o que fica evidente na rotina da diarista Creuza Almeida, 54. Pituba, Costa Azul e Vila Laura são os bairros para os quais ela vai pelo menos uma vez por semana. Moradora de Águas Claras, ela tem a Estação Pirajá como parte obrigatória do seu trajeto. No dia da Pituba, ela pega somente ônibus, e nos outros locais embarca no metrô para depois pegar outro ônibus.

As longas filas no terminal de ônibus e a demora em conseguir pegar o transporte no retorno, geralmente por volta das 16h, fazem com que Creuza considere o deslocamento para a Pituba o mais complicado. Para o Costa Azul, ela teria a opção de ir só com ônibus, mas prefere fazer integração, pois o roteiro que a atende tem a Barra como destino e roda muito até chegar ao seu local de descida. 

No caso da Vila Laura, a diarista é obrigada a dar uma volta de ônibus, pois seja pegando uma linha em Brotas ou na Estação Acesso Norte (após desembarcar do metrô), os roteiros sempre rodam pelo Luiz Anselmo antes de chegar ao seu destino. “É péssimo, eu sempre reclamo. É mais cansativo do que o próprio trabalho da gente, a gente se cansa muito nesses transportes porque demora, é muito cheio, desconfortável”, declara, sobre seu cotidiano nos ônibus da cidade. 

As queixas são compartilhadas pela universitária Mariana Leal, 21, moradora do Cabula com aulas em unidades da Ufba em São Lázaro e Ondina. Embora conte com uma linha direta para o segundo destino, ela raramente pega, pois sempre passa lotado, logo não para no ponto. A solução é embarcar no primeiro ônibus em direção à área do shopping Bela Vista, de onde desce a passarela até a Estação Acesso Norte, segue de metrô para a Lapa e pega o ônibus no terminal. 

Quando a estudante vai para São Lázaro (Federação), a combinação ônibus, metrô, ônibus é a primeira opção, pois não há linha direta entre os bairros. Nos dias com atividade de extensão durante a tarde, ela emenda os turnos, sobretudo por conta do limite de seis registros/dia no cartão de meia passagem, mas geralmente faz o caminho de volta no começo da tarde, quando a espera pelos ônibus é maior.

“Não vou lembrar exatamente o ano que o transporte aumentou duas vezes com o argumento de que o segundo aumento era por causa do ar condicionado que seria colocado em todos os coletivos, e não aconteceu. O transporte continua aumentando, acho o valor completamente abusivo para o transporte precário que a gente tem. A frota é pequena considerando o tamanho da população e o tanto de gente que precisa do transporte público”, avalia Mariana.

Prefeitura

Segundo informado pela assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob), Salvador tem uma frota de aproximadamente 1,9 mil ônibus, com idade média de 7,5 anos, distribuídos em 281 linhas. Considerando os 213 veículos adquiridos este ano, que estão sendo entregues gradualmente até o final do ano, a pasta afirma ter 32% da frota com sistema de ar condicionado. 

“Os veículos passam por limpeza e higienização ao menos duas vezes por dia. Caso seja necessário, o veículo é retirado da operação e enviado para a garagem para que seja feita uma nova limpeza. Isso acontece, em geral, durante a operação por má conservação dos usuários”, declarou a Semob, em nota. 

Quanto à previsibilidade, a nota da secretaria informa que “os horários programados na operação são respeitados na medida do possível, podendo haver atrasos eventuais em função de congestionamentos ou acidentes no percurso”. Como ferramenta para auxiliar os usuários, a pasta sugere os aplicativos gratuitos Cittamobi e o Moovit.

PlanMob segue sem implantação

Doutor em Engenharia de Transportes e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Juan Pedro Moreno percebe a falta de qualidade do sistema de ônibus da cidade como um problema histórico. Ele ressalta a tentativa de melhorar a eficiência por meio da divisão em três bacias (verde, amarela e azul), mas considera que a medida não teve êxito, pois não reduziu o tempo de viagem, nem aumentou a confiabilidade.

Um agravante mais recente citado pelo professor é a queda na demanda e consequentemente na arrecadação, resultante de uma conjunção de fatores como a chegada dos aplicativos de transporte, a pandemia de covid-19 e problemas de segurança. “O sistema de ônibus não está em condições de ser competitivo frente a outros modais e frente à cultura do automóvel”, declara.

A análise de Moreno sinaliza um efeito bola de neve no transporte coletivo de Salvador, no qual o serviço ruim desestimula o uso, ao mesmo tempo em que sua qualidade é impactada negativamente pela queda do número de usuários. Em sua avaliação, a solução depende da obtenção de fontes de financiamento e também de um planejamento eficaz. 

PlanMob

Nesse sentido, o mais urgente, para o professor, é a implementação do Plano de Mobilidade de Salvador (PlanMob), aprovado desde 2017. Ele afirma que, com exceção do BRT, com o qual não concorda, nada mais saiu do papel. “Necessitamos políticas de preferência na circulação para o transporte público por ônibus,  necessitamos de uma rede de corredores exclusivos de ônibus”, defende. 

Entre os muito aspectos contemplados pelo PlanMob está o investimento em acessibilidade, incluindo desde as calçadas aos modais de transporte. Embora a Semob garanta que 100% da frota atual é adaptada para cadeirantes, o relato do poeta, escritor e psicólogo Gilvã Mendes, 38 anos, é de dificuldades frequentes na utilização de ônibus na cidade, com equipamentos de acesso que não funcionam e profissionais despreparados para a operação. 

Morador de Lauro de Freitas, Gilvã tem trabalhado em home office, mas se desloca para Salvador ao menos uma vez por semana para visitar a mãe ou resolver questões cotidianas. Nos trechos que não pode fazer de metrô, cansado da longa espera até conseguir embarcar em um ônibus, ele muitas vezes tem optado pelos aplicativos de transporte. 

Segundo informado em nota da Semob, 169 ônibus novos foram comprados em 2021 e até o final deste ano será finalizada a entrega de outros 213. “Todas as novas unidades adquiridas são climatizadas e possuem rampas móveis, poltronas reservadas e espaço para cadeirantes, oferecendo total acessibilidade para pessoas com deficiência, mobilidade reduzida e idosos”, completa a pasta.




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