Há quase 50 anos, eu então editor de esportes aqui
da Tribuna, recebi um jovem estudante de Direito, enca-
minhado pelo hoje ilustre jurista Roberto Pessoa, no sen-
tido de lhe dar uma oportunidade na cobertura esportiva.
Seu nome: Luiz Alberto Nogueira de Britto. Foi o primeiro
contato que tivemos e, de lá até hoje, o esforçado "foca" -
linguagem como são ou eram tratados os jovens repórte-
res - tornou-se um dos mais competentes, brilhantes e
íntegros jornalistas esportivos da Bahia.
São quase 50 anos de convivência diária, de conver-
gências e divergências no campo profissional, mas eu a
admirá-lo cada vez mais pela sua doação, pelo seu empe-
nho na busca diária da notícia, pelo inconformismo com as
mazelas no submundo do futebol.
Este é e sempre foi o Luiz Alberto Nogueira de Britto
que conheci e convivo nesses quase 50 anos. Mas há um
outro Luiz Britto que se supera ainda mais. O Luiz Britto
família, pai ardoroso, a viver as 24 horas do dia preocupa-
do com os filhos, Luizinho e Vick, e a dedicar um carinho
especial à mulher, Maria Amélia.
Ainda ontem, comentando com um amigo comum, o
Desembargador Valtércio Oliveira, fez ele questão de me
pedir que registrasse o profundo respeito e admiração
que tem por Luiz Britto.
Poderia enumerar incontáveis histórias de vida de
Luiz, como sua luta hercúlea pela recuperação da mulher,
Maria Amélia, quando ela foi acometida de grave enfermi-
dade e ele à sua cabeceira, até carregando-a nos braços
como prova de amor.
Mas o que me leva a esse depoimento, que faço num
tom pessoal, não é para tentar encobrir qualquer erro que
ele tenha cometido e pelo qual deva pagar, porém para
contestar a forma com que foi tratado no episódio do qual
é acusado de importunação sexual contra uma jovem, num
shopping de Salvador.
Vamos deixar as coisas bem claras: se Britto come-
teu algum crime, que seja punido pela lei. Se sua conduta
foi grosseira, ofensiva ou abusiva - confesso que não vi o
vídeo - que a Justiça e tão somente ela possa decidir. O
que me choca e me levou a esse depoimento é dizer que
Luiz Alberto Nogueira de Britto não é um marginal, um fora
da lei, um mau elemento como chegou a ser qualificado.
Um bandido.
Reitero: se ele errou e seu erro acabar comprovado,
que a palmatória da Justiça se volte contra suas mãos,
mas pré-julgamento não.
