A mãe de Gilmara Daiam de Sousa Brito, a primeira mulher presa por envolvimento na morte da adolescente Cristal Rodrigues Pacheco, durante uma tentativa de assalto, denunciou filha à polícia pelo crime, anonimamente. O crime foi cometido na manhã de terça-feira (2).
À polícia, a mãe de Gilmara disse que, assim que soube da notícia da morte de Cristal, imaginou que a filha estava envolvida no crime – já que Gilmara "é usuária de drogas e costuma roubar celulares, utilizando faca, naquela localidade".
Essa informação já havia sido confirmada pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), que detalhou que Gilmara era considerada foragida desde março deste ano, por um mandado de prisão relativo a outra prisão por tráfico.
Ao todo, ela foi presa três vezes, nos anos de 2011, 2015 e 2017. Identificada pelo prenome Mara, ela tem 31 anos e confessou, em depoimento à polícia, ter participado do crime, mas negou que tivesse sido ela a atirar na vítima.
Disparo 'sem querer'
Ainda em depoimento, a mãe de Gilmara detalhou que, por volta das 13h, ela estava costurando no ateliê, quando Gilmara chegou pedindo ajuda. Ela confessou o crime à mãe, disse que o disparo foi "sem querer". Além disso, Gilmara foi ferida por um tiro no braço.
Ela disse à mãe que o tiro foi dado "pelos caras da Gamboa", que teriam levado a arma do crime. Essa versão de Gilmara sobre o paradeiro da arma do crime ainda não foi confirmada pela polícia. Também em depoimento, a mãe disse que acredita que a filha mente sobre o armamento.
A investigada pediu ainda para se esconder na casa da mãe, que negou. Gilmara então saiu em direção à casa do ex-companheiro. Depois disso, a mãe assistiu a uma reportagem e "decidiu que a filha deveria pagar pelo crime". Ela ligou para o Disque Denúncia e deu o paradeiro de Gilmara aos policiais.
Apesar disso, quando os policiais estiveram no local, Gilmara já não estava mais lá. A investigada foi encontrada pouco depois, na casa de um outro familiar. Ela foi detida em flagrante e a prisão dela foi convertida para preventiva, por determinação da Justiça.
Gilmara passou por audiência de custódia no final desta manhã, e será encaminhada ao Complexo Penitenciário da Mata Escura, onde ficará detida para responder pelo crime.
A segunda mulher envolvida no crime é a Andréia Santos Carvalho. Ela se apresentou à polícia no início da tarde desta quinta (4), e foi detida por mandado de prisão preventiva, expedido pela Justiça. Ela confessou à polícia ter atirado em Cristal por estar "fora de si" e em "abstinência da droga". A arma do crime ainda não foi encontrada.
Protesto de amigos e familiares
No início da manhã de quarta-feira (3), amigos e familiares da jovem protestaram no local do crime. Com faixas e cartazes, estudantes pediram justiça e medidas para que o crime não se repita.
Pessoas que não têm ligação com a família também participaram da manifestação, em solidariedade à morte prematura da adolescente. Cristal estudava no Colégio Mercês e estava no nono ano do ensino fundamental.
Colegas da adolescente se juntaram em um abraço simbólico e seguiram em caminhada com os manifestantes pelo Campo Grande. Por causa da morte de Cristal, a instituição suspendeu as aulas na terça-feira, e determinou luto de três dias.