Em 10 de agosto de 1992, o escritor Jorge Amado fez 80 anos e a Bahia promoveu grandes eventos em homenagem a ele. Todos devidamente merecidos.
Dez dias depois, Jorge, acompanhado da mulher Zélia Gatai e da filha Paloma Amado, aportou aqui para receber uma das maiores honrarias sergipanas, a Comenda da Ordem do Mérito Aperipê, dada pelo Governo do Estado, que tinha João Alves Filho como governador.
Em contato com Paloma Amado, que já era ali uma agente literária do pai, eu consegui uma brecha na apertada agenda de Jorge para uma entrevista exclusiva com ele para o Jornal de Sergipe, uma publicação que havia 15 anos era mantida por Nazário Pimentel e que tinha o jornalista Gilvan Manoel como editor e que fora o meu primeiro emprego na mídia sergipana.
Lembro-me como se fosse hoje: ao cair da tarde de uma quinta-feira, dia 20, estávamos eu, Jorge Amado e o repórter-fotográfico Cícero Silva sentados a uma mesa no entorno da piscina do Hotel Parque dos Coqueiros, gravador em punho e abertas as disponibilidades de perguntar e de responder. Jorge alertara-me, com bom humor, que eu tinha 15 minutos para meia dúzia de perguntas.
Ao final, falamos mais de meia hora e lá se foram 15 perguntas. Muitas delas, senão a maioria, sobre a sua convivência com Sergipe, sua passagem por Estância como um exilado do Estado Novo.
O título da entrevista ping-pong na página 8 da edição 4.103, de domingo e segunda, 23 e 24 de agosto, dava o tom da conversa: “Nós estamos muito presos a Sergipe”. Na chamada de capa, o JS destacava: “Jorge: Bahia e Sergipe tem a mesma cultura”.
Recentemente, folheando a terceira edição do vistoso livro de 350 páginas do sergipano Rui Nascimento, “Jorge Amado, uma cortina que se abre”, deparei-me com aquela mesma entrevista transcrita na íntegra em seis páginas e meias.
De mudança, apenas o título, que Rui deu “Estância foi o meu País”, garfando uma frase de Jorge durante a conversa e para fazer jus ao projeto de aproximar o escritor da vida de Sergipe. No mais, tudo igual. Inclusive a ausência da minha assinatura como autor.
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