Diante ao clima de guerra, o Instituto Cigano do Brasil (ICB), em entrevista ao Boca de Forno News, pediu uma apuração rigorosa e imparcial das mortes dos ciganos em Vitória da Conquista, Itiruçu e Anagé, e também sobre as possíveis torturas, ameaças e violência por alguns policiais. A requisição é do presidente do ICB, Rogério Ribeiro, da etnia Calon.
"Queremos que seja feita uma investigação parcial, e não tendenciosa", declarou Rogério. De acordo com ele, o apelo já foi enviado também para a Defensoria Pública da União (DPU) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Dez pessoas foram mortas até a sexta-feira (30) passada. Deste total, oito foram ciganos, sendo seis adultos, e dois adolescentes – todos filhos de cigano. Os torturados teriam recebido para beber água sanitária ao invés de água mineral, e teriam sofrido agressões físicas e verbais.
Através de nota, o Ministério Público afirmou que vem dialogando com o Instituto. Através de ofício, a Defensoria Pública Federal afirmou que o órgão oficiou a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) para recomendar a adoção de medidas para salvaguardar a comunidade cigana, orientando a celeridade e a rigidez na apuração da autoria dos atentados, tendo em vista a fundada suspeita de envolvimento de agentes estatais.
Esta semana, o Instituto divulgou um áudio em que a mãe dos oito homens assassinados pede a um dos filhos que se entregue para responder pelo crime.
Relembre o caso
O tenente Luciano Libarino Neves, de 34 anos, e o soldado Robson Brito de Matos, de 30 anos foram mortos a tiros no dia 13 de julho, no distrito de José Gonçalves. Segundo a polícia, o crime foi cometido por ciganos.
Depois do crime, a família passou a ser perseguida por policiais. Oito irmãos, todos ciganos, foram mortos, sendo dois deles adolescentes de 13 e 17 anos. O pai dos oito irmãos está preso, após também ter sido baleado por militares. Ele também é suspeito de matar os dois policiais.
De acordo com Rogério Ribeiro, vários ciganos foram torturados após a morte dos policiais.
Segundo Rogério, estima-se que 3 milhões de ciganos vivem no Brasil.
Informações do radialista Nivaldo Lancaster