Nota da Redação. Fiz parte nesse TIME na Rádio Clube de Salvador - Gamboa de Cima. Jair Cezarinho.
"É Ferro na Boneca, minha cara e minha nobre família baiana".
Neste domingo, 18 de julho, está completando 8 anos da morte de França Teixeira, um dos maiores comunicadores do Rádio baiano.
Eu tive o privilégio de conviver com França Teixeira e Álvaro Martins, dois ícones da comunicação, na extinta Rádio Clube de Salvador nos anos 1970.
Ao lado do Louro, pude aprimorar os conhecimentos com os toques e dicas do grande mestre da comunicação. Além disso foi França Teixeira, através do amigo e engenheiro de som, Evandro Marques Ferreira, que me deu a oportunidade de trabalhar no Rádio da capital baiana.
Chegando na Rádio Clube de Salvador, pude conviver com profissionais da estirpe do saudoso Laurindo Pinho, da amiga inesquecível discotecária Celeste Julião, o programador e locutor Joceval Costa Lima entre tantos outros.
A primeira turma de locutores era formada pelos profissionais: Neator Guimarães, Cid Gama, Zé Bim, Walter Costa, Paulo Gomes e do saudoso Joceval.
Os sonoplastas Aureliano Reis, Álvaro Veiga (Alvinho), Antonio Angorá, Edson Lima, Mauro Conceição e Zebrinha. Na área técnica, meu amigo Chico Ferreira, Gildemar Santarém, Roque e Antonio Salvador. Todos liderados pelo saudoso Evandro Ferreira.
Na parte administrativa os amigos Gércio Pimenta, Carlos Costa (Cara de Sapo) Jairo, Juraci Santos, Bárbara, Izaltino da Hora, Dona Maria, Eliana, Vera, Os saudosos Sr. Borba, Ana Amélia, Henrique e Arnóbulo.
Na publicidade José Andrade Badaró e ainda Toninho Chagas, Jackson Barriga D’agua, Ouri Macedo, Marco Aurélio e tantos outros amigos que a lembrança não conseguiu alcançar. Estes citados fizeram parte da primeira turma da Rádio Clube de Salvador.
Comunicador de sucesso nos anos 1960 e 1970, França Teixeira atuou em rádio, televisão e mídia impressa. Também foi deputado federal e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE),
França Teixeira marcou uma era na comunicação em nosso estado e comandou uma das mais famosas resenhas esportivas da Bahia. A "Resenha do Meio-Dia", na Rádio Cultura e também na Rádio Sociedade da Bahia, ao lado de grandes nomes da comunicação baiana.
Posteriormente foi sócio fundador da Rádio Clube de Salvador, além de apresentador da TV Itapoan.
Vamos conhecer através do texto de Ubaldo Marques Porto Filho a fantástica trajetória de França Teixeira:
Antônio França Teixeira nasceu em Salvador, a 4 de junho de 1944. Pela extroversão, agilidade no raciocínio e a voz que já o destacava, teve a primeira chance logo aos 13 anos, na locução do Serviço de Alto Falante Dois de Julho. No ano seguinte, 1958, mudou-se para o Serviço de Alto Falantes Quatro Unidos, também no bairro da Liberdade.
Em seguida, deu um salto espetacular. Assinou contrato com a Rádio Excelsior da Bahia, uma das mais importantes emissoras baianas. E foi trabalhar justamente no setor que mais o fascinava, o futebol. No ano da estreia, como locutor esportivo, recebeu a láurea de ‘Maior Revelação Masculina de 1959’ no rádio profissional da Bahia.
O sucesso ecoou de tal forma que a jovem revelação recebeu o que todos os locutores do país sonhavam: o convite para um período de testes na famosa Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Os avaliadores ficaram impressionados com a desenvoltura no microfone e o timbre da voz do baiano.
A contratação foi recomendada, mas, na hora da assinatura do vínculo, França Teixeira recuou e comunicou que regressaria a Salvador. As saudades da Bahia fizeram-no desistir de trabalhar na mais poderosa emissora brasileira.
Após uma breve passagem, em 1965, pela Rádio Cruzeiro da Bahia, retornou ao cast da Excelsior da Bahia, onde ficou até 1968. Neste ano, já bastante conhecido do público, mas ainda atuando na sombra dos veteranos que chefiavam as equipes de esportes, o radialista transferiu-se para a Rádio Cultura da Bahia, como arrendatário dos horários esportivos.
Livre das algemas das programações formais e clássicas, que não admitiam inovações radicais, ele pode, finalmente, no comando de suas resenhas e transmissões dos jogos, colocar em prática uma formatação inédita, que não conseguiu viabilizar nos outros veículos.
Com um estilo informal, irreverente, criativo e vibrante, falando de forma simples, do jeito que o povo entendia e queria ouvir, inclusive introduzindo expressões populares, França Teixeira explodiu. Como no riscar de um relâmpago, virou o fenômeno do rádio baiano.
Assediado por diversas emissoras do Sul, recusou propostas para sair de Salvador. O máximo a que se permitiu foi fazer parte dos jurados da Discoteca do Chacrinha.
Durante três anos, aos sábados, viajou ao Rio de Janeiro, para participar do programa visto nacionalmente através da Rede Tupi de Televisão.
Bacharel em direito pela Universidade Federal da Bahia, França Teixeira manteve, entre 1970 e 1975, como articulista de futebol, uma coluna diária no jornal A Tarde. Ingressou também na vida empresarial, tendo sido fundador e sócio na Rede Clube de Rádio, integrada pela Rádio Clube de Salvador, Rádio Clube de Santo Antônio de Jesus e Rádio Clube Rio do Ouro, em Jacobina. Teve ainda uma rápida passagem pela presidência da Federação Baiana de Futebol.
Após revolucionar o rádio esportivo baiano, promoveu outro terremoto inovador, desta feita na televisão, tendo como palco a TV Itapoan. Foi com o programa ‘França Teixeira, Profissão Repórter’.
O magnetismo pessoal, a presença desembaraçada, as abordagens diretas, os temas palpitantes, os assuntos ecléticos, as polêmicas, as entrevistas sensacionais e o domínio completo que o apresentador tinha em cena, fizeram o seu programa obter um sucesso estrondoso. Toda segunda-feira, a partir das 22 horas, às vezes invadindo a madrugada, batia recordes e mais recordes de audiência.
Depois de ter irradiado partidas da seleção brasileira de futebol em países da Europa, Ásia, África e Américas, e de ter trabalhado em quatro Copas do Mundo (México, Alemanha, Argentina e Espanha), França Teixeira abandonou o rádio e a televisão aos 38 anos, no auge da popularidade. Saiu deixando para os anais da história o registro de ter sido o maior de todos os comunicadores que a Bahia teve no século XX.
Depois de ter sido candidato a prefeito de Salvador, foi eleito deputado federal e partiu para um novo desafio, passando a se dedicar exclusivamente à atividade parlamentar.
Em Brasília, presidiu a Comissão de Defesa do Consumidor e foi membro da Comissão de Esportes e Turismo. Pronunciou 90 discursos e apresentou 40 projetos. Mesmo não dispondo mais de suas armas poderosas, o microfone de uma rádio e o vídeo da televisão, reelegeu-se em 1986.
Renovado o mandato na Câmara Federal, França Teixeira recebeu o prêmio ‘Palavra de Honra’, concedido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), em reconhecimento pelo desempenho na defesa dos direitos dos trabalhadores durante a elaboração da Constituição de 1988. Dentre outras honrarias, possui a Ordem do Mérito da Bahia, outorgada no grau de Comendador.
Por indicação do governador Nilo Coelho, a Assembleia Legislativa da Bahia analisou e aprovou o nome do deputado para uma vaga no quadro de conselheiros do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, obrigando-o a renunciar ao mandato parlamentar.
A posse no Tribunal ocorreu em 21 de setembro de 1989, aos 45 anos.
Antônio França Teixeira faleceu em Salvador, aos 69 anos, no dia 18 de julho de 2013. Seu corpo foi cremado no Cemitério Jardim da Saudade.
”Quem vive na Bahia está gloriosamente muito mais perto de Deus”.
França Teixeira, minha cara e minha nobre família baiana.