Em entrevista ao Jornal do Meio Dia, da Princesa FM, o infectologista Dr. Antônio Bandeira, que também é professor de medicina da rede UniFTC e participa da diretoria da Vigilância Epidemiológica da Bahia, falou sobre a atual situação de pandemia no estado a disse que já estamos vivendo um colpaso, quando se refere a leitos de UTI.
"Saímos de 800 casos por dia na Bahia, no final de outubro e agora, estamos na faixa de quase 5000 casos por dia, então, isso vem aos poucos se somando, é uma demanda muito elevada. Se cerca de 10 ou 20% destas pessoas precisarem de uma unidade de terapia intensiva, torna-se um número muito elevado e acaba sobrecarregando as unidades que estão hoje praticamente todas lotadas. A parte privada já atinge 100% em Salvador e a pública já chega perto disso, próximo dos 90%.", contou.
Segundo ele, o Carnaval não foi um caso determinante para o aumento brusco de casos na Bahia. "O Carnaval entrou como mais um fator, é um aumento que já vem acontecendo desde a segunda quinzena de novembro. As pessoas passaram a rasgar a ideia de que tem que usar a máscara, distânciamento, muita gente nas praias, muita gente indo encontrar com familiares, pessoas que não vê há dois meses, seis meses, daí encontra e relaxa por se tratar de um familiar, mas esquece de que não são imunes à covid. Algumas situações foram deixadas de lado e agora estamos num ponto muito complicado.", afirmou o infectologista.
Dr. Antônio Bandeira foi enfático ao dizer que já estamos vivendo um colapso na saúde, e que as mortes ainda tendem a aumentar. "Acho que o colapso neste momento já existe, do ponto de vista de UTIs, já estamos no limite. Há poucos dias vi com um colega, um paciente que tinha um plano de saúde dos melhores, que poderia ser transferido para qualquer hospital particular da Bahia e até fora, mas acabou sendo transferido para a UPA dos Barris. A situação já está grave, vai piorar pois vai morrer mais gente, já temos a sobrecarga da rede privada, a rede pública ainda está conseguindo manejar, com uma sobra pequena, mas que está sendo rapidamente tomada, por isso o governador anunciou a abertura novamente dos leitos na Fonte Nova e, é uma importante medida.", disse.
Segundo ele, o comércio sozinho não é o causador do aumento do número de pessoas infectadas. "Neste momento se tem poucas alternativas em mãos. Se você permite as atividades comerciais, por um lado, vai acabar permitindo a circulação de pessoas, por outro lado, não adianta você ter o comércio todo fechado e o indivíduo lá na comunidade, fazendo um festas, aglomerando e ficando assim, então, acho que deve-se atuar de forma completa, não é só o comércio, as aglomerações independem disso, a polícia precisa agir em diversas outras situações.", afirmou.
O infectologista ainda alertou para a gravidade das novas variantes e para o desgaste que os médicos estão sofrendo há mais de um ano na linha de frente. "Aqui na Bahia, estamos como duas variantes estabelecidas, a de Manaus e a do Reino Unido. Elas são muito ruins, pois se disseminam mais rápido ainda. As pessoas têm que entender que tem que usar as máscaras, sempre, independente de conhecer ou não a pessoa, ela deve entrar de máscara na sua casa, agora é o mais importante. A vacina, temos só a escala, ainda não temos a quantidade para imunizar todas as pessoas e ficarmos confortáveis. Estar na linha de frente é muito duro, um esforço gigantesco para salvar pacientes e isso tem gerado um desgaste grande nos profissionais, muitos estão abandonando a linha de frente, outros em tratamento psicológico. Estamos numa situação triste, até o governador está encontrando dificuldades para encontrar profissionais para trabalharem, precisamos de cuidados redobrados, com os outros e com nós mesmos.", concluiu. (De Olho na Cidade)