O ex-governador da Bahia, Roberto Santos, faleceu na tarde desta terça-feira, 9, aos 94 anos, em Salvador. Ele estava internado há duas semanas para tratar de problemas renais e chegou a ser internado na UTI do Hospital Aliança, na capital baiana.
Em nota, o reitor da Universidade Federal da Bahia, João Carlos Salles, confirmou a morte:
“Informo aos membros da comunidade UFBA que Dr. Roberto Santos, nosso ex-reitor e nosso grande amigo, acaba de falecer. A Ufba, mais uma vez, está de luto. Expresso aqui nossos sentimentos mais profundos”, lamentou o reitor.
Roberto Santos exerceu a profissão de médico, professor, foi secretário de Saúde, reitor da Universidade Federal da Bahia, governador da Bahia, ministro da Saúde e deputado federal. Com participação expressiva em diversas instituições e esferas da cultura baiana, ele deixa seis filhos e um grande legado à Bahia. Roberto Santos integrou o conselho editorial do Jornal A Tarde durante anos, com contribuição ímpar para o desenvolvimento da imprensa baiana.
Biografia
Roberto Figueira Santos foi um médico, professor e político brasileiro. Nasceu em 15 de setembro de 1926, em Salvador, filho de Carmem Figueira Santos e Edgard Santos. Seguindo a tradição do pai, que foi médico de formação e primeiro reitor da Universidade Federal da Bahia, Roberto formou-se em medicina aos 23 anos pela UFBA. Obteve o título de Doutor em Ciências Médico-Cirúrgicas na mesma instituição. Em 1951, tornou-se professor titular da Faculdade de Medicina da UFBA .
Roberto se especializou em clínica médica nas universidades de Cornell, Michigan e Harvard (1950-1953), nos Estados Unidos, onde trabalhou em hospitais universitários . Em 1954, foi à Grã-Bretanha, onde adquiriu o título de especialista em medicina experimental pela Universidade de Cambridge (1954-1955).
De volta à Bahia, Roberto se dedica à clínica médica e ao ensino superior, especializando-se em clínicas médicas no Hospital das Clínicas. Em 1967, é nomeado secretário de Saúde do estado pelo então governador Luiz Viana Filho. Roberto, no entanto, em poucos meses, abdica do cargo para ser nomeado reitor da UFBA (1967-1971) e ocupar a cadeira que era do seu pai, Edgar Santos.
Filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena) em 1974, partido de apoio à ditadura civil-militar vigente no país desde abril de 1964. Uma vez findado o bipartidarismo, Roberto migrou para o Popular (PP), com o objetivo de reunir os setores moderados tanto da Arena quanto do Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Após o PP ser incorporado ao PMDB, Roberto filiou-se à legenda, acompanhando o partido.
Foi eleito governador da Bahia em 1975 e ocuparia o cargo de chefe do executivo estadual até 1979. Sua administração inseriu os Centros Sociais Urbanos (CSUs), num total de 33 em todo o Estado, com o objetivo de atender às populações de baixa renda. Roberto construiu, durante sua gestão, o Centro de Convenções da Bahia, em Salvador. Depois implantou o Projeto Urbis, voltado à construção de casas populares. Na área da educação, a sua administração construiu 3 mil salas de aula no Estado.
Ministro da saúde
Roberto Santos foi nomeado ministro da Saúde em 1986, cargo que ocupou até 1987, durante o governo do então presidente José Sarney. Como ministro, propôs unificar os sistemas de saúde e aplicar mais recursos na prevenção de doenças, dando ênfase à imunização da população, ao saneamento básico e condições sanitárias. Representou o Brasil no Conselho Diretor da Organização Mundial de Saúde, em Genebra, Suíça, entre 1987 e 1990.
Academia
Quando reitor da UFBA, Roberto Santos reestruturou a Universidade, implantou os Institutos de Matemática, Física e Química e deu início aos de Biologia e Geociências, obras finalizadas nos dias de hoje. Os esforços de Roberto foram fundamentais para a criação de cursos de pós-graduação no estado e, como consequência, fomentou e fortaleceu a pesquisa científica.
Roberto Santos publicou mais de 40 obras, dentre as quais Educação médica nos trópicos, O ensino médico no Brasil e A pesquisa médica no Brasil. Era também membro da Academia Baiana de Letras e da Academia Nacional de Medicina. (A Tarde)