Faleceu nesta manhã no hospital S. José, em Ilhéus, o jornalista e canavieirense Tyrone Carlos de Carvalho Perrucho. É mais uma vítima feita pelo insidioso Covid-19, que nos ceifa vidas preciosas de forma inapelável.
Perrucho, como era mais conhecido, foi por décadas funcionário da área de comunicação e depois da assistência social da Ceplac, onde palmilhou uma carreira admirável de realizações. Lá fez dupla respeitável com o saudoso Milton Rosário no comando da Divisão de Comunicação e deu vida à comunicação social da Instituição, criando títulos, desde jornais, revistas, programas de rádio e Tv, ao lado de figuraças da profissão, tais Como Edvaldo Oliveira, Myrthes Petitinga, Adelindo Kfoury, Telmo Padilha, Celso Rocha, Lucílio Bastos, Iruman Contreiras, Alfa Santos, Odilon Pinto, Walmir Rosário, Raimundo Nogueira, entre outros.
Pense num cara “boa praça”, altíssimo astral, inteligente, muito bem humorado, mas a melhor qualidade deste filho que Deus agora recolhe era a sensibilidade, a empatia... Tanto, que a Ceplac, através de seu amigo Lício Fontes, resolveu desfalcar a Comunicação e convidá-lo para assumir a Divisão de Assistência Social do órgão, onde se notabilizou pela condução competente do novo desafio, comandando com grande habilidade, pessoas dedicadas e profissionais de mão cheia como os médicos Edmon Lucas, Urandi Riela, os dentistas Demósthenes de Carvalho e Otávio, as assistentes sociais Inês Eyer e Ana Flávia, entre tantos, tantos outros. Aí ele criou e manteve um programa de check-up anual revelando preocupação e cuidados com a saúde de todos os seus colegas ceplaqueanos.
Especialista em fazer amizades profundas, Perrucho, que eu saiba, não tinha inimigos, antes pelo contrário, era uma pacifista, daqueles que por toda sua trajetória e experiência de vida, nunca achou motivo para sequer alterar a voz, subir o tom, contra quem quer que fosse, desde filho, colega, amigo – nem se fala. Figura tolerante.
Daí, colecionou um rosário de amigos, que ousamos citar alguns (somente os da Ceplac, fora os de sua Canavieiras, que fica para outros mais qualificados lembrarem), dentre os esquecidos, Edson Moreira, Gersino Batista, Altenides Moreau, Edmar Sodré, Raimundo Canavieiras, Joelson Matos, Eudes Bonfim, Niraldo, Aguido Ferreira, Zé Carlos Bombinha, Diva Lessa, Turíbio Cordeiro, Jorge Campos, Zé Raimundo garçom da AFC, Seu Clóvis, vigilante (que matava e morria por ele...) e por aí vai...
Na imprensa de Itabuna lembramos de Willy Modesto, Jorge Araújo, Hélio Pólvora, Valdeny e Nilson Andrade, Joel Filho, Luiz Conceição, Marival Guedes, Juarez Vicente, Valdenor Ferreira, Zeca e Bitencourt, fotógrafos, colegas de profissão que quase sempre eram recebidos, quando não homenageados, pela Associação dos Funcionários da Ceplac, da qual foi fundador e grande presidente.
Figura inspiradora, Perrucho era, antes de tudo, risonho (e dizem que o homem que ri é superior...), por detrás daqueles seus óculos de “fundo de garrafa” – não sei nem como ainda dirigia... Tomador de cerveja e só cerveja, contumaz. Agregador, apreciador das sacadas inteligentes, tinha sempre gente ao redor, se divertindo com suas tiradas, além das risadas contagiantes que frequentemente cometia quando aparecia uns casos engraçados... Pagador de contas, quase sempre surpreendia os amigos na hora da “dolorosa” quando informavam: “já está paga...” De tão bom era besta, como alguns sustentavam...
E Perrucho um dia se aposentou e decidiu voltar para Canavieiras, de onde tocaria como fundador e editor os últimos dos mais de 50 anos de existência do excelente Jornal TABU, publicação, como tantas outras, tragada pela era digital... E de lá, de sua Cannes, receberia amigos de todas as partes, em verdadeira romaria...
Do alto dos seus 74 anos, Tyrone estava ativo, lúcido e perspicaz. Com o seu Zap na mão girava o mundo, frequentava temas interessantes e repassava aos amigos, tocava idéias, liberava risadas, tomava cerveja sem aglomerar, cauteloso como os tempos requerem.
Mas aí um dia, num desses dias, ele anuncia aos amigos que estava indo para o hospital em Ilhéus por precaução, para debelar sintomas de Covid, o que, estava certo, conseguiria, como tinha conseguido, superar um câncer dias atrás, com a interferência decisiva e benfazeja do seu grande amigo Urandi Riela, que tomou e deu conta do caso.
Tyrone lutou muito, resistiu muito, mas infelizmente foi vencido... Deixa saudades eternas à sua companheira Yolanda, a seus filhos Tupi, Tainá e Taiguara e à sua legião de amigos, todos agora compreensivelmente liberados para chorar a lágrimas tantas a perda de um dentre os melhores exemplares de Filhos que Deus colocou nessa Terra... (Por Raimundo Nogueira) (Radar Bahia News)